SEMANA SANTA E TRÍDUO PASCAL
16/03/2016 10:03
SEMANA SANTA
A Semana Santa, que inclui o Tríduo Pascal, visa recordar a Paixão e a Ressurreição de Cristo, desde a sua entrada messiânica em Jerusalém (cf. NALC – Normas sobre o Ano Litúrgico e o calendário, n. 31).
A Semana Santa, também chamada de a “Grande Semana” ou “Semana Maior”, começa após a V Semana da Quaresma, onde tendo feito o itinerário de preparação, conversão e mudança de vida, pelo jejum, pela oração e pela penitência, somos chamados a celebrar os Sagrados Mistérios da Páscoa, pela Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Começa no Domingo de Ramos da Paixão do Senhor e vai até a Quinta-Feira, na Santa Missa Crismal, também chamada de “Missa dos Santos Óleos”.
Originou-se em Jerusalém, por volta do século V, quando uma grande multidão de fiéis foram à cidade para visitarem os locais onde Nosso Senhor encontrara-se nos seus últimos dias, por livre espontânea vontade, à saber: casa de Zaqueu, Casa de Marta, Maria e Lázaro, o local da Santa Ceia, O Getsêmane, o Palácio de Pilatos, Caminho do Calvário, O Calvário, O Sepulcro. Tendo em vista essa manifestação espontânea dos peregrinos, o Bispo de Jerusalém organizou o percurso, e na medida em que ia-se visitando, lia-se a passagem das Sagradas Escrituras referente ao fato, faziam orações, e entoavam cânticos. A partir daí, as pessoas que lá estavam de diversos lugares, levaram consigo tal costume até chegar nos dias de hoje, onde a Santa Igreja reuniu e preparou uma Liturgia para tal.
É na “Semana Maior” que somos chamados a estarmos seguindo o Cristo e vivendo de forma atual aquilo que Ele mesmo realizara. Desde a sua entrada em Jerusalém, quando Ele anda à nossa frente e nos precede, e nós como “os filhos dos hebreus com ramos de oliveira” corremos ao encontro do Cristo que chega, cantando e aclamando Hosana nas alturas, Hosana no mais alto dos céus! E assim, pela experimentação da sua Paixão, onde “inocente, Jesus quis sofrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos[1]” a nós, pela sua morte “apagou nossos pecados e sua ressureição nos trouxe vida nova” . Seguimos pois, para a Santa Missa Crismal, onde a bênção do óleo dos enfermos, do óleo dos catecúmenos e a consagração do crisma são feitas pelo Senhor Bispo com Missa própria, concelebrada pelo seu presbitério, sendo “como um sinal de comunhão dos presbíteros[2]” para com ele exortando-os a serem fiéis aos seus encargos e convidando-os a renovarem publicamente as promessas sacerdotais. Neste dia, a Igreja nos convida a refletirmos sobre o sacerdócio de Cristo e o ministério sacerdotal, Ele que é “Pontífice da nova e eterna aliança” é estabelecido único sacerdócio perpétuo na Igreja. Jesus Nosso Senhor, enriqueceu a Igreja com um sacerdócio real, onde “com bondade fraterna, escolhe homens que, pela imposição das mãos” participam “do seu ministério sagrado” renovando para nós “o sacrifício da redenção humana” servindo a nós que somos fiéis, “o banquete da Páscoa” presidindo-nos na caridade de nos alimentando com a vossa palavra, restaurando-nos com os sacramentos. Na Missa Vespertina da Ceia do Senhor, os principais mistérios que celebramos é a instituição da Sagrada Eucaristia e do sacerdócio, e o mandamento do Senhor sobre a caridade fraterna, esta que se dá no rito do lava-pés. Cristo, “verdadeiro e eterno sacerdote” se oferece a nós pela nossa salvação, instituindo o sacrifício da nova Aliança, mandando que o celebremos em sua memória. “Sua carne, imolada por nós, é o alimento que nos fortalece. Seu sangue, por nós derramado, é a bebida que nos purifica[3]”. Após nos deliciarmos com o Pão Vivo que é o Cristo, somos com Ele retirados do meio dos seus, para já ser levado ao julgamento e à condenação, na liturgia simbolizada pela Transladação do Santíssimo Sacramento.
Na Sexta-Feira da Paixão do Senhor, segundo antiquíssima tradição, a Igreja não celebra os sacramentos, desta forma, somos chamados a nos despojarmos das nossas vestes, e aderirmos aos sofreres de Cristo. A liturgia deste dia, é celebrada pelas 15h, a não ser que razões pastorais aconselhem horas mais tardias, é pois, nesta hora, procedida a celebração da Paixão do Senhor, que consta de três partes: a Liturgia da Palavra, a adoração da cruz e a comunhão eucarística.
“No Sábado Santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua Paixão e Morte, e abstendo-se (desnudado o altar) do sacrifício da Missa até que, após a solene Vigília em que espera a Ressurreição, se entregue às alegrias da Páscoa, que transbordarão por cinquenta dias.” (Missal Romano, pág. 269). “Segundo antiquíssima tradição, a noite santa é “uma vigília em honra do Senhor” (Ex 12,42). Assim os fiéis, segundo advertência do Evangelho (Lc 12,35ss), tendo nas mãos lâmpadas acesas, sejam como os que esperam o Senhor, para que ao voltar os encontre vigilantes e os faça sentar à sua mesa.” (Missal Romano, pág. 270).
Domingo é o Dia por excelência da Páscoa da Ressurreição do Senhor. Cristo “é o verdadeiro Cordeiro, que tira o pecado do mundo. Morrendo, destruiu a morte e, ressurgindo, deu-nos vida[4]”. Nascemos para a vida eterna pela sua ressurreição, onde por ela as portas do Reino dos céus nos foram abertas após nossa remissão. “Nossa morte foi redimida pela sua e na sua ressurreição ressurgiu a vida para todos[5]”.
“Os ritos especiais da Semana Santa, isto é, a benção e procissão dos ramos, a transladação do Santíssimo Sacramento depois da Missa da Ceia do Senhor, a ação litúrgica da Sexta-Feira da paixão do Senhor e a Vigília Pascal, podem celebrar-se em todas as igrejas e oratórios. Mas convém que, nas igrejas que não são paroquiais e nos oratórios, sejam somente celebrados se puderem ser realizados dignamente, isto é, com número conveniente de ministros, com a possibilidade de se executar ao menos algumas partes em canto, e uma suficiente frequência de fiéis. Senão, conviria que as celebrações fossem realizadas somente na igreja paroquial e em outras maiores.” (Diretório da Liturgia e da Organização da Igreja no Brasil, Pág. 78).
DOMINGO DE RAMOS DA PAIXÃO DO SENHOR
“Neste dia a Igreja recorda a entrada do Cristo em Jerusalém para realizar o seu mistério pascal.” (Missal Romano, pág. 220).
O Domingo da Paixão, que no Novo Missal Romano passou a chamar-se Domingo de Ramos por causa da procissão de entrada, que recorda a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, é a abertura solene da Semana Santa. A partir desta celebração, escutaremos o relato da Paixão segundo variados textos da Sagrada Escritura. A finalidade desta celebração é a preparação imediata para a Páscoa, por isso, no Domingo de Ramos se proclama o Evangelho da paixão de Jesus Cristo. De acordo com a tradição, na Semana Santa proclama-se os textos referentes ao mistério pascal de Cristo, conectando essas celebrações com a Sexta-feira da Paixão.
O TRÍDUO PASCAL
Como o Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus principalmente pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruiu a nossa morte e ressuscitando renovou a vida, o Sagrado Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor resplandece com ápice de todo ano litúrgico. Portanto, a solenidade da Páscoa goza no ano litúrgico a mesma culminância do domingo em relação à semana. (Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, n. 18).
O Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor começa com a Missa vespertina na Ceia do Senhor, possui o seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as Vésperas do domingo da Ressurreição. (Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, n. 19).
Na Sexta-feira da Paixão do Senhor, observe-se por toda a parte o sagrado jejum pascal. E, onde for oportuno, também no Sábado Santo até a Vigília Pascal. (Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, n. 20).
Na Vigília Pascal, na noite santa em que o Senhor ressuscitou, seja considerada a “mãe de todas as vigílias”, na qual a Igreja espera, velando a Ressurreição de Cristo, e a celebra nos sacramentos. Portanto, toda a celebração desta sagrada Vigília deve realizar-se à noite, de tal modo que comece depois do anoitecer ou termine antes da aurora do domingo. (Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, n. 21).
[1] Prefácio “A Paixão do Senhor”, Missal Romano, pág. 231.
[2] Missal Romano, pág. 235.
[3] Prefácio da Santíssima Eucaristia I
[4] Prefácio da Páscoa I
[5] Prefácio da Páscoa II